A porta e o vento
As portas do destino encontram-se entreabertas. Escancará-las ou fechá-las é função do livre arbítrio, e este diz não existir regras. Ser livre é viver desobrigado, é estar lucidamente embriagado, como quem ouve música para emudecer o mundo. Um dia, alguém abriu a porta do racismo, mas o palpitar dos corações apaixonados pela igualdade a fechou e deixou um recado pregado nela: Não abra! Pode causar vergonha. Atrás da porta da intolerância ouve-se grito, desespero e pelo vão dela escorre sangue inocente, corre fluido de vida que deveria ter sido vivida, corre destino ceifado. Essa porta não se fecha pelas mãos. A única coisa capaz de trancafiá-la é a humildade. O som da humildade vem do sorriso do mendigo ao receber atenção, vem do apadrinhamento dos órfãos, vem das mastigadas dos famintos, vem do respeito aos idosos. Humildade não é ser pobre. É reconhecer o valor de todas as formas de vida e ajudá-las também, a entender o próprio valor. O caminhar fecha a porta da dep