Boneco de Papel Machê
Havia uma menina. Ela era meiga, delicada, magricela, pernas finas. Corria pela casa, penteava o cabelo de suas bonecas enquanto cantarolava uma canção qualquer. Inventava passos de um ballet que nunca aprendera. Juntava jornal velho num balde d'água para fazer papel machê. Moldava pessoas, sempre pessoas. Maria daqui. João dali. Eles eram seus amigos. Estavam sempre sorrindo. Adoravam conversar com os animais. Em um terreno, margaridas acolhiam joaninhas engraçadas, algumas amarelas, outras laranjas. A menina e seus amigos se bastavam. Aquele era o mundo para ela. Um mundo onde as pessoas só sorriam, conversavam, brincavam e até trabalhavam, mas trabalhar era divertido. Pedaços de madeira empilhados formavam a base da casa, e o teto ficava aberto de propósito para poder ver as estrelas. O regador chovia e as plantas agradeciam dançando. As pedras redondas viravam montanhas e as mais achatadas eram caminhas e sofás. Carros passavam na rua, mas a menina nem reparava. O meio de trans